EXPOSIÇÃO "ÁFRICA: OLHARES CURIOSOS", Hilton Silva

quarta-feira, 2 de maio de 2012

População negra ainda sofre com a desigualdade no mercado de trabalho

Daniela de Lamare

Desde 1886, vários países do mundo celebram o dia 1º de maio como a data comemorativa das conquistas dos trabalhadores ao longo da história. No Brasil, mesmo com a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT em 1943, as diferenças históricas desfavoráveis aos negros no mercado de trabalho ainda persistem.  
Um estudo divulgado em 2011 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) apontou que na região metropolitana de São Paulo (universo da pesquisa) a taxa de desemprego dos negros é maior que a dos não negros (brancos e amarelos) e o rendimento é menor. 

Segundo o levantamento, a inserção dos trabalhadores negros é proporcionalmente maior na construção civil e no emprego doméstico, setores em que predominam postos de trabalho com menores exigências de qualificação profissional, menores remunerações e relações de trabalho mais precárias e, por tudo isso, menos valorizados socialmente. 
Ao observar o rendimento mensal real do trabalho, a desigualdade de raça e a de gênero também prevalece. De acordo com o Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2007-2008, elaborado pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o salário médio dos homens brancos em todo país equivalia, em 2006, a R$1.164,00, valor 53% maior do que a remuneração obtida pelas mulheres brancas, que era de R$ 744,71. O rendimento dos homens brancos era ainda 98,5% superior ao dos homens negros e pardos, que era de R$ 586,26. Era ainda 200% superior ao rendimento das mulheres negras. 
Educação como caminho – Eloi Ferreira de Araujo, presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), lembra que algumas regras de admissão acabam favorecendo os não negros e a educação é uma das maneiras de vencer essa barreira.  “É preciso vencer a resistência, que há no mercado de trabalho, de colocar negros nos postos de comando. A raça negra não pode ser tratada como se não tivesse capacidade para assumir as oportunidades de emprego nas áreas públicas ou privada.”, analisa. 
Cotas no mercado de trabalho – Para o deputado federal Vicentinho (PT-SP), o sistema de cotas para negros em universidades deve servir de base para a adoção dessa política em outros setores, como o mercado de trabalho. 
Vicentinho é autor do Projeto de Lei nº 5882/05, que obriga as empresas a contratar trabalhadores negros na proporção correspondente ao percentual de negros da região onde estão sendo oferecidas as vagas. Além disso, pelo texto, as companhias terão de desenvolver mecanismos que assegurem aos funcionários negros as mesmas oportunidades de ascensão profissional concedidas aos outros empregados. 
Se o povo negro é excluído e discriminado na universidade, ele também é no trabalho. Muitas vezes, o negro não consegue emprego ou, quando consegue, não tem assumido cargos de relevância. Por isso, é importante buscarmos a melhoria na condição de vida da população negra“, afirma o parlamentar.

Por Drielly Jardim 

Fontes: r7.com e Rede Brasil Atual.

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